Até os confins da terra

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domingo, 20 de abril de 2014

O erro judiciario..


O ERRO JUDICIÁRIO!!!!
Era uma rua humilde. Rua de Arrabalde. A gritaria da meninada ecoava num alarido nervoso. Aproximei-me. Os meninos seguravam cabos de vassouras e malhavam aquele pobre Judas de pano que não se defendia das pancadas.
Acredite, amigo, tive pena do bruxo. Seus intestinos de capim eram vísceras sem sangue. Mas eram como se tivessem, porque todo aquele simbolismo era um ensaio de um ato da sadismo, de vingança, vingança, que vem atravessando os séculos quando o homem, o filho de Deus, era todo bondade e dizia na sua cruz que seus perseguidores e julgadores deveriam ser perdoados, porque eles não sabiam o que faziam e significava aquela crucificação. Vendo e ouvindo aquelas pancadas no indefeso boneco, pensei que cada menino daquele entendia ser um Juiz, julgando um traidor. Acredite amigo tive pena do bruxo.. Mas aquele bruxo inofensivo, nada havia feito, coitado.
Estava diante de um erro judiciário irreparável. Aquela altura, pernas, braços, mãos, cabeça se separavam. Não era possível costurar aquelas partes divididas de um corpo sem alma. E aqueles meninos, juízes, haviam decidido, julgando simbolicamente aquele que entregou Jesus com um beijo na face. Um dia, quando os meninos forem grandes, saberão que o bruxo de pano era inofensivo. Eles se decepcionados com tantas coisas, concluíram que o boneco de pano era inocente. E se estudarem a historia, chegarão de que Judas Iscariotes antes mesmo de ser julgado por aqueles que seguiam o mestre, foi sentenciado por seu remorso, enforcando-se numa figueira, sem usar as trintas moedas.
Sim, aqueles meninos de sábado que mataram com pauladas um bruxo, não sabem que todos nós estamos rodeados de Judas, e devemos pedir a Deus que eles nos esqueçam. Judas mentiroso, desocupado, inútil, que se reúne no passeio publico e fala da jovem senhora que passa com seu filho, raivoso, porque ela é bonita, e digna, e nunca tomou conhecimento de sua existência.
Judas que inveja o médico que prosperou na sua clínica, o advogado que venceu nos tribunais, o industrial que lutando viu sua fábrica erguer-se e é útil à coletividade, o professor que publicou livros.
Ah, meninos, vocês vão encontrar Judas assim. Envenenados de inveja porque aquele jovem, ocupa um alto cargo publico, ou porque um cidadão qualquer economizando comprou um carro.
Eles os novos Judas não perdoam nada. Nada. Fazem cartas anônimas envoltos numa covardia enferma, atacam governantes, membros de sociedade recreativas, são terroristas, matando e sequestrando, e como os tempos são outros, esses loucos não terão a coragem daquele que foi o discípulo do Nazareno, de segurar uma corda e proferir seu proprio julgamento.
Vendo os meninos matando um Judas de pano, lembrei-me dos outros Judas, de blusão ou palito saco, modernizados, mentindo, difamando, caluniando. E aí vi que vocês, meninos, julgando um boneco de pano, deixavam soltos para fazer tanto mal, milhares de Judas em carne e osso. E lamentei tristemente, o erro judiciário feito contra um pobre bruxo inofensivo.
Postado por renatoprf Fizemos em abril 1970 em Maceió Al.

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